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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lyoto comenta derrota obscura no UFC


Ele quer levar o Pará ao topo


Uma decisão polêmica dos juízes e a volta para casa uma semana depois da luta. Pode parecer um roteiro repetido, mas dessa vez o paraense Lyoto Machida estava na condição de derrotado - e revoltado. Apesar de adotar cautela ao falar sobre os obscuros critérios adotados pelos árbitros do UFC para apontar o vencedor, Lyoto deixa escapar sua indignação ao comentar um episódio semelhante ocorrido também na edição 123 do evento. 'Pô, foi ridículo também, muito feio', disse ao comentar a derrota de Tyson Griffin - que havia dominado a luta - para Nik Lentz.

Apesar de ser difícil digerir a derrota na condição em que ela se deu, Lyoto dá provas de que não deixará o abatimento interferir na carreira. Ciente de que uma vitória o colocaria mais perto do cinturão, e de acordos de patrocínio, ele prefere tirar da situação o aprendizado que o tornará melhor. O paraense, que estabelece a meta de levar o Pará para o topo do mundo como seu grande combustível, já ensaia a volta aos treinamentos e fala que não cogita mudar o estilo.

Como você vem digerindo a decisão dos juízes?

Olha, assim, a cada momento que se afasta da luta, a cada dia que passa, a gente começa a sentir as consequências da derrota. A princípio, logo quando aconteceu a derrota, lógico que a gente ficou chateado e tudo, mas vimos que todo mundo ficou do nosso lado e que também a performance foi muito boa, a estratégia que elaboramos foi muito bem executada. Mas o momento em que tudo isso se afasta, é difícil digerir, porque as consequências aparecem mais. A possibilidade de disputar o cinturão se torna um pouco mais distante, os patrocínios tendem a diminuir um pouco. O interesse dos patrocinadores cai também. Não podemos esquecer que isso é um 'business'.

Como é seu relacionamento com a diretoria do UFC? Você acha que a declaração do Dana White foi direcionada a você? Teme por um boicote?

Ele deu uma declaração falando que prefere um cara que perca lutando para frente, e tal. Não sei se foi para mim. Teve uma luta antes da minha que aconteceu uma coisa muito parecida, com o Tyson Griffin. Pô, foi ridículo também, muito feio. O Griffin dominou a luta e a vitória foi para o outro lado. A minha relação com eles é muito boa, nunca tive problema nenhum. Eu também não quero pensar dessa forma, que existe algum problema entre a organização e a minha pessoa. Sempre fui muito bem tratado, respeitado, mas uma coisa que a gente não sabe é qual é o interesse do evento. Qual o critério que eles usam para avaliar e qual o critério que usam, a partir do interesse deles, para promover cada evento. Como estou dizendo: o lado desportivo não pode ser esquecido. A gente sabe que isso é entretenimento, mas não pode ser colocado como prioridade, acho que o esporte vem em primeiro lugar e em segundo plano vem o entretenimento. Mas muita gente tem comentado que no UFC tem acontecido diferente. Acredito muito nas minhas teorias, no que eu penso, agora não posso pensar e nem falar por eles. Falo por mim.

A declaração do Rampage ao fim da luta, dizendo que havia sido surrado, foi importante para você?

Interiormente, fiquei muito satisfeito com a minha performance. Mas não gosto de ficar colocando desculpas, não gosto de reclamar da postura do árbitro. Meu pai sempre ensinou para nós, desde pequenos, que, se não venceu, é porque faltou alguma coisa. Então, a partir do momento em que estou lutando contra um cara, que tem o nome maior do que o meu, tenho que botar na minha cabeça que não tenho que lutar só com ele. Estou lutando com ele, com a torcida, até mesmo com os árbitros. Porque essa é uma oportunidade também para o crescimento, não só como atleta, mas como pessoa. Avaliar o desempenho, ver o que está faltando. Porque se eu for encarar de outra maneira, achando que o cara me roubou e isso e aquilo, além de eu começar a perder o crédito no evento, o que não passa pela cabeça, eu também vou achar que não vou ter alimento para o sucesso.

Você cogita mudar o estilo de luta como forma de fazer com que essas decisões fiquem mais claras?

Não cogito em nenhum momento mudar, mas sim acrescentar. Porque nosso estilo parte do princípio da arte marcial realmente, não só do show, onde o mais fraco pode vencer o mais forte fisicamente. O Rampage é um cara mais forte do que eu fisicamente, mais pesado, bate forte, duro. Como poderia enfrentá-lo batendo de frente? Como poderia enfrentá-lo tentando derrubar no primeiro assalto? Eu não posso fazer isso. Estrategicamente é que tenho que ganhar dele, frustrá-lo e tirar sua confiança. Foi o que aconteceu, para depois vencer. Com os outros oponentes também eu não posso chegar e bater de frente, o que muitas vezes é o que o evento quer. Mas e as consequências depois de tudo isso? E se você perde? Fica um perdedor qualquer, ninguém vai te tirar de baixo. Seu próprio esforço, seu trabalho é que vai te tirar de baixo. Penso por esse lado. Fui campeão fazendo esse estilo. Lógico que existem mudanças que devem ocorrer, porque senão para no tempo. Por isso acho que acrescentar é o importante.

Tem alguma perspectiva de quando será a próxima luta?

Na verdade o evento ora segue, ora não segue um ranking diretamente. Estou esperando a qualquer momento ser chamado. Não demorar a voltar é importante porque quero limpar essa imagem, quero mostrar o melhor de mim.

Quando volta aos treinos?

Meu treinamento na verdade é constante. Semana que vem (a partir de hoje) volto a treinar. Gosto muito do que faço, isso faz parte de mim, não consigo ficar em casa parado. Agora é muito gostoso treinar sem o compromisso do rendimento. Treinar para melhorar para você mesmo, evoluir tecnicamente, sem compromisso. Gostaria de agradecer aos fãs, principalmente aos do Pará. A gente sente uma fidelidade enorme quando se trata de defender nossa bandeira. Isso é muito bacana, muito bonito, e eu sinto essa energia quando estou lutando. Sinto que as pessoas estão me empurrando. Não é só o nome do nosso País, é o nome do nosso Estado também, que muitas vezes não é visto, é esquecido, e temos a oportunidade de levantar essa bandeira no topo do mundo. Essa é a minha vontade, levantar o nome do Pará e mostrar que aqui temos grandes valores, grandes pessoas. Muitas vezes o que falta é oportunidade.


Jornal Amazonia

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