A cada problema resolvido...
... um conhecimento a mais

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Como a Microsoft lutou para selar seu acordo com a Nokia


Stephen Elop e Steve Ballmer quando anunciaram a parceria Nokia-Microsoft: última chance para o Windows Phone
.A Microsoft Corp. sabia que tinha muito mais a perder que o Google Inc. quando as duas empresas concorreram para fechar uma aliança com a Nokia Corp. Perder a oportunidade para o Google seria um golpe fatal para as chances da Microsoft no mercado de celulares.

Então a Microsoft cortejou agressivamente a gigante finlandesa dos celulares, oferecendo-se para pagar bilhões de dólares e propondo incentivos ao seu novo chefe, um ex-executivo da Microsoft. Numa série de reuniões ao redor do mundo nos últimos meses, a Nokia também começou a enxergar a Microsoft como a melhor escolha.

Há cerca de duas semanas, o diretor-presidente da Nokia, Stephen Elop, tomou sua decisão. Ele apostou o futuro da empresa nos smartphones com software da Microsoft e esnobou o Android, do Google.

No fim, a Microsoft aceitou pagar à Nokia bilhões de dólares no decorrer de um acordo de vários anos para ajudar a empresa finlandesa a desenvolver e comercializar aparelhos com o Windows Phone, segundo Elop. Não se sabe quanto o Google pode ter oferecido à Nokia.

O diretor-presidente da Intel Corp., Paul Otellini, disse que Elop aceitou a oferta mais alta. "Ele estava recebendo ofertas incríveis da Microsoft e do Google, era dinheiro para trocar uma pela outra", disse Otellini a investidores na quinta-feira. A Microsoft ofereceu mais, disse ele.

Um porta-voz do Google não quis comentar. Num discurso no evento anual da indústria de celular, semana passada, o diretor-presidente do Google, Eric Schmidt, disse que gostaria que a Nokia tivesse decidido usar o Android em seus celulares e espera que a empresa finlandesa opte por fazer isso futuramente.

Entre outras coisas, a Microsoft se dispôs a usar em seus produtos um serviço de mapas chamado Navteq, oferecido por uma empresa que a Nokia comprou por US$ 8,1 bilhões em 2007. O Google, por outro lado, tinha investido muito mais que a Microsoft em seu próprio serviço de mapas e estava menos disposta a usar o serviço da Nokia, segundo uma pessoa a par da questão.

A Nokia também queria urgentemente chegar a um acordo com uma das empresas a tempo de uma reunião em Londres com investidores e analistas, na sexta-feira dia 11, e a Microsoft agiu mais rapidamente que a concorrente para fechar a aliança a tempo, disse a pessoa.

A Nokia também receberá uma fatia do faturamento com propaganda gerado pelos serviços de localização da Microsoft com tecnologia da Navteq — um exemplo é quando uma pessoa busca uma pizzaria num Windows Phone e acha um anúncio de um restaurante próximo.

Elop, que chegou à Nokia em setembro, vindo da Microsoft, disse ao Wall Street Journal que começou a avaliar as opções estratégicas da empresa um mês antes de assumir o comando e teve que escolher entre continuar o desenvolvimento da própria plataforma de smartphone da Nokia ou uma aliança com a Microsoft ou o Google.

Elop disse que foi apresentado via e-mail a Schmidt, do Google, por meio de um amigo que ele descreveu como "líder" na indústria da alta tecnologia.

Ele também ligou para o diretor-presidente da Microsoft, Steve Ballmer, seu ex-chefe, e disse-lhe que a Nokia tinha começado a avaliar suas opções estratégicas.

Ballmer e diretores da Microsoft se reuniram com Elop e seus colegas da Nokia pela primeira vez em 15 de novembro, na sede da Microsoft, em Redmond, no Estado americano de Washington.

A isso se seguiu uma reunião em 6 de dezembro em Nova York em que os executivos tiveram de encontrar uma maneira de as duas empresas adaptarem o software Windows Phone para os microchips usados pela Nokia em seus celulares. O diálogo técnico entre as duas empresas continuou semanas depois, numa reunião em Reykjavik, Islândia.

As negociações passaram então para discussões empresariais e de marketing, numa reunião numa sala subterrânea abafada em Londres, em meados de janeiro, que contou com o presidente de comunicação móvel da Microsoft, Andy Lees, e o vice-presidente executivo da Nokia, Kai Öistämö.

As negociações com a Microsoft quase desmoronaram nesse momento, segundo uma pessoa a par da questão. O principal problema: os executivos da Nokia acreditavam que a Microsoft estava tratando a Nokia como se fosse qualquer potencial parceiro no segmento de telefones celulares, enquanto a Nokia estava "apostando tudo" na decisão de adotar o software dela, disse a pessoa.

Naquele ponto, os executivos da Microsoft tiveram de mostrar à Nokia que realmente queriam se comprometer mais profundamente. Eles também tiveram de considerar as consequências de perder a Nokia para o Google, que estava realizando suas próprias negociações com a empresa.

Embora o Windows Phone tenha sido elogiado desde que surgiram os primeiros aparelhos equipados com ele, em outubro, o software ainda não conquistou seu espaço no mercado de celular. O software da Microsoft foi instalado em apenas 3,1% dos smartphones vendidos no quarto trimestre, contra 32,9% para o sistema operacional do Google e 30,6% da Nokia, segundo a firma de pesquisa de mercado Canalys.

Qualquer acordo para instalar o Android, do Google, nos celulares da Nokia, ainda a maior fabricante de celulares do mundo, provavelmente teria enterrado as chances do Windows Phone. "Nesse momento, seria o fim da linha", disse Elop.

Elop disse que negociou com Schmidt e com o principal executivo de telefonia celular do Google, Andy Rubin.

Ballmer e seus subordinados viajaram a Helsinque em janeiro para mostrar como a Microsoft levava a sério a negociação. O plano era Ballmer viajar sozinho a Helsinque, de onde seguiria para uma instalação secreta da Nokia, acrescentou Elop.

Elop disse que, em vez disso, recebeu um telefonema de Ballmer informando-o que, por causa da neve e da neblina, o avião não poderia aterrissar em Helsinque. Prestes a ficar sem combustível, Ballmer preferiu pousar em Estocolmo. Naquele momento, a maneira mais rápida de Ballmer chegar a Helsinque era voar num jato comercial, disse Elop, apesar do alto risco de ser reconhecido.

Enquanto Ballmer esperava no salão, ele quase foi descoberto quando foi chamado pelo nome no alto-falante por causa de um erro na passagem.

Nas semanas seguintes, os executivos da Nokia começaram a dar a entender aos do Google que a empresa estava tendendo a um acordo com a Microsoft.

Como as negociações deveriam ser confidenciais, os executivos da Nokia ficaram chocados quando Vic Gundotra, um diretor do Google, publicou em seu Twitter em 8 de fevereiro: #feb11 "Dois perus não valem uma Águia", aparentemente se referindo à conferência da Nokia com investidores em 11 de fevereiro. "Imagino que eles não ficaram felizes com a maneira como a decisão estava indo", disse Elop, que chamou a mensagem de Gundotra de "tuitada-bomba".

Na noite de 10 de fevereiro, véspera do anúncio da aliança, o conselho da Nokia tomou a decisão final de se aliar à Microsoft

Nenhum comentário:

Postar um comentário